“Conversa de Buzú”: a Bahia il nuovo libro di Clarindo Silva
Antonella Rita Roscilli
TESTO IN ITALIANO   (Texto em português)


"Fratello, è parlando, leggendo e imparando che puoi vivere meglio!" (pag. 22): così è scritto in "Conversa de Buzú”, il nuovo libro del giornalista, scrittore e poeta baiano Clarindo Silva. L'opera racchiude cinquanta brevi storie comiche e tragiche, con dialoghi avvenuti in contesti particolari. Infatti la singolarità dell'opera è data dal fatto che tutti i racconti si svolgono all'interno dell'autobus, o meglio all'interno del buzú, gergo usato dai soteropolitani (abitanti di Salvador Bahia, in Brasile) per riferirsi a questo mezzo di trasporto pubblico.

Clarindo Silva registra storie ascoltate durante i viaggi in autobus, da un angolo all'altro della capitale baiana, grazie al suo udito allenato fin dai tempi in cui faceva il giornalista investigativo. Sono storie che svelano persone, parole, esperienze. Sono avventure rivelate dai passeggeri di quel "collettivo in movimento" che scandisce il tempo del mondo cittadino. Per rendere i dialoghi più vicini alla realtà, l'autore conserva il dialetto e il linguaggio tipico soteropolitano, ma garantisce sempre l'anonimato dei suoi personaggi.
 
Le belle illustrazioni e la copertina sono opera del famoso artista plastico e grafico Lucas Batatinha, figlio del sambista “Sua Maestà Oscar da Penha, o Batatinha”, come viene definito nel titolo di uno spettacolo diretto da Márcio Meirelles. Lucas Batatinha è "un vecchio compagno di viaggio di Clarindo Silva nel centro storico" e respon”sabile della creazione grafica dei costumi per famosi blocos (blocchi carnevaleschi) degli Olodum, os Filhos de Gandhy, Os Negões, Toalha da Saudade, Banda Didá, ecc. 
                                                     
                                                      Illustrazione ©Lucas Batatinha
 
“Conversa de Buzú” è la seconda creatura letteraria di Clarindo Silva, convinto assertore del valore della memoria culturale di Bahia, e consapevole del fatto che dietro un semplice dialogo si possa celare uno spaccato della società e di un particolare contesto storico, ovvero materiale utile anche per una analisi sociale.  

La carriera di Clarindo Silva nel campo della scrittura è iniziata più di cinquant'anni fa, quando lavorava come giornalista investigativo per i quotidiani A Tarde, Jornal da Bahia e Tribuna da Bahia. Poi diversificò la sua attività, dedicandosi maggiormente alla letteratura, con testi pubblicati nel Jornal do Centro Histórico e nel giornale della Associação de Comerciantes do Centro Histórico de Salvador (Acopelô), di cui fu presidente per due mandati.
                                                           
                                                            Illustrazione ©Lucas Batatinha

La “Cantina da Lua”
 
Clarindo Silva dirige la Cantina da Lua dal 1971. Fondato nel 1945 da Roberto Santos, è uno dei ristoranti più tradizionali del centro storico di Salvador, e attrae giornalisti, studenti, artisti, intellettuali. Ciò ha trasformato la “Cantina da Lua” in un punto culturale e bohémien del Pelourinho, arricchito dalla esibizione di illustri cantanti tradizionali di samba come Riachão, Batatinha, Walmir Lima, Bob Lao e Tião Motorista, Ederaldo Gentil, Edil Pacheco e Claudete Macedo.
 
“Figlio di Oxalá, Clarindo si veste sempre di bianco. Dalla sua postazione nel Terreiro de Jesus, si sente responsabile dell'intero Pelourinho. Le pareti del ristorante sono tappezzate di foto in omaggio ai clienti più famosi. Nell'album "Humanenochum" (2000), prodotto da Paquito e J. Velloso, l’artista Riachão all’età di 95 anni, ha registrato un tributo al locale: - Até parece que se está no céu/ E a Lua com seu véu/ Tão lindo a clarear"- Sembra persino di essere in cielo / E la Luna con il suo velo / Così bello a rischiarare –“: questo scriveva il giornalista Cláudio Leal sul quotidiano brasiliano “A Folha” il 28/11/2016, nell'articolo "Músicos baianos uniram ideias da África, do Recôncavo e do Rio".
 

Parallelamente alle serate di festa, la “Cantina da Lua” negli anni divenne anche uno spazio alternativo che riuniva intellettuali e bohémiens interessati a impegnarsi per il recupero del Pelourinho, quando il centro storico della città era praticamente abbandonato. Nel 1983, infatti, Clarindo Silva creò il “Progetto Culturale Cantina da Lua” con l'intento di lottare per il rilancio del centro storico e la conservazione della sua memoria culturale.
 
A questo luogo del cuore Clarindo Silva ha dedicato il suo primo libro dal titolo “Memórias da Cantina da Lua” (la sesta edizione è stata pubblicata nel 2021), che riunisce resoconti di esperienze straordinarie vissute dall'autore con personalità della società baiana nella Cantina da Lua. Ma è anche una testimonianza autobiografica dell'autore che, in alcuni passaggi, narra la sua vita a partire da quando lasciò Conceição do Almeida, nella regione del Recôncavo Baiano, e si diresse verso il porto del vecchio Mercado Modelo.
 
Clarindo Silva è, senza dubbio, una figura importante di Salvador. Grazie alle sue lotte per la conservazione e la valorizzazione del Pelourinho, ha ottenuto i più importanti riconoscimenti dalla Câmara Municipal di Salvador, come la Comenda Maria Quitéria, la Medalha Zumbi dos Palmares, la Medalha Thomé de Souza e il titolo di Cittadino della Città di Salvador.   
 
Molte conversazioni soteropolitane rimangono vive grazie alle sue due opere, ma cambia il contesto. Nel libro “Conversa de Buzú”, come scrivono nella prefazione il giornalista e produttore culturale André Carvalho e la pedagoga e ricercatrice Maria Pinheiro, “esce la conversazione da bar ed entra la conversazione da buzú, e così sul palco illuminato di questo guerriero di Conceição de Almeida permane l'essenza popolare del suo popolo baiano".


 
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TEXTO EM PORTUGUÊS   (Testo in italiano)

“Conversa de Buzú”, a nova obra de Clarindo Silva
por
Antonella Rita Roscilli


                                                             
 
“Irmão, é conversando, lendo e aprendendo que se pode viver melhor!” (p. 22). Escrito pelo jornalista, escritor e poeta baiano Clarindo Silva, o livro “Conversa de Buzú  reúne cinquenta histórias cômicas e trágicas, apresentadas em textos curtos, destacando diálogos que, trazendo a privacidade de histórias pessoais, vêm sendo contadas em contextos particulares. A singularidade da obra provém do fato que todas as crônicas se passam dentro do ônibus, ou melhor dentro do buzú, gíria usada pelos soteropolitanos para se referir a este meio de transporte público.
 
Clarindo Silva registra no livro as histórias que testemunhou como ouvinte, enquanto se deslocava de um canto para outro na capital baiana, mas com um ouvido treinado nos tempos em que exercia o ofício de repórter policial. Trata-se de  historias de vida que mostram o povo, suas palavras e suas vivencias. Aventuras reveladas na fala dos próprios passageiros que se transformam em um “coletivo” vivenciando o dia a dia na cidade de São Salvador. Para tornar os diálogos mais perto da realidade, o autor preserva a linguagem típica do baiano, mas garante sempre o anonimato dos seus personagens.
 
A publicação conta, ainda, com as belas ilustrações e arte de capa do renomado artista plástico e designer gráfico Lucas Batatinha, filho do cantor “Sua Majestade Oscar da Penha, o Batatinha”, assim definido no titulo de um  espetáculo dirigido por Márcio Meirelles. Lucas Batatinha è “velho companheiro de jornadas no Centro Histórico de Clarindo Silva” e responsável pela criação gráfica de fantasias para os blocos Olodum, Filhos de Gandhy, Os Negões, Toalha da Saudade, Banda Didá, entre outros.

                                                       
                                                         Illustrazione ©Lucas Batatinha
Na realidade, “Conversa de Buzú” é mais um registro de Clarindo Silva, agitador cultural entusiasta, que acredita no valor da preservação da memória cultural e popular da Cidade da Bahia, bem percebendo que em baixo de uma simples fala, podem se esconder imagens da sociedade em um determinado contexto histórico. Isso pode transformar o livro em um testemunho vivo e palpável de análise social.  
 
Clarindo Silva tem sua trajetória no campo da escrita iniciada há mais de cinqüenta anos, quando atuava como repórter policial nos jornais A Tarde, Jornal da Bahia e Tribuna da Bahia. Com o tempo foi se dedicando mais à literatura, em textos publicados no Jornal do Centro Histórico e nos informativos da Associação de Comerciantes do Centro Histórico de Salvador (Acopelô), da qual foi presidente em duas gestões.  
                                                           
                                                             Illustrazione ©Lucas Batatinha
Sobre a Cantina da Lua
 
Desde 1971, Clarindo Silva está à frente da Cantina da Lua, fundada em 1945 pelo boêmio Roberto Santos. Trata-se de um dos restaurantes e botequins mais tradicionais do centro histórico de Salvador,  que atrai jornalistas, estudantes, artistas, intelectuais, e que transformou a Cantina da Lua em um reduto cultural e boêmio do Pelourinho, com concentração de ilustres sambistas como Riachão, Batatinha, Walmir Lima,  Bob Lao e Tião Motorista, Ederaldo Gentil, Edil Pacheco e Claudete Macedo. “Filho de Oxalá, Clarindo sempre se veste de branco e, de seu ponto no terreiro de Jesus, sente-se responsável por todo o Pelourinho. As paredes da cantina são forradas por placas em homenagens aos frequentadores célebres. No disco Humanenochum (2000), produzido por Paquito e J. Velloso, Riachão, 95, gravou uma homenagem ao bar: -Até parece que se está no céu/ E a Lua com seu véu/ Tão lindo a clarear-": assim escreveu o jornalista Cláudio Leal no jornal A Folha de 28/11/2016 l 28/11/2016 no artigo "Músicos baianos uniram ideias da África, do Recôncavo e do Rio".
 
Paralelamente às noites de festa, a Cantina da Lua tornou-se também um espaço alternativo, político, social, econômico e cultural, que reunia intelectuais, boêmios entres outros interessados em lutar por mudanças no Pelourinho, quando o centro histórico da cidade estava praticamente abandonado. Por isso, em 1983 Clarindo encabeçou a criação do  Projeto Cultural Cantina da Lua com a perspectiva de lutar pela revitalização do centro histórico e preservação da  memória cultural. 
 
A este lugar do coração ele dedicou seu primeiro livro autoral “Memórias da Cantina da Lua” (lançou a 6ª edição em 2021) que reúne relatos de experiências marcantes vividas com personalidades da sociedade baiana na Cantina da Lua. Além de relembrar importantes momentos da Cantina da Lua, esta obra è também um registro autobiográfico do autor, que, em algumas passagens, narra a sua trajetória partindo de Conceição do Almeida, no Recôncavo Baiano, em direção ao cais do porto do antigo Mercado Modelo.  
Clarindo Silva é, sem dúvida, uma figura importante da Bahia, por sua luta pela memória. A sua atuação como gestor do estabelecimento e sua luta pela preservação e valorização do Pelourinho, o levaram a receber as mais relevantes honrarias oferecidas pela Câmara Municipal de Salvador, como a Comenda Maria Quitéria, a Medalha Zumbi dos Palmares, a Medalha Thomé de Souza e o título de Cidadão da Cidade de Salvador.  
 
Ao longo dos anos, as conversas soteropolitanas continuam vivas através das páginas das duas obras dele, o que muda è somente o contexto. Em “Conversa de Buzú”, conforme escrevem no prefácio o jornalista-produtor cultural André Carvalho e a pedagoga-pesquisadora Maria Pinheiro “sai a conversa de botequim e entra a conversa de buzú, permanecendo no palco iluminado deste guerreiro de Conceição de Almeida a essência popular de sua gente baiana”.
 
 
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