-----------------------------------------------------------------------
Tarde na várzea com chuva

 por

Florisvaldo Mattos

 

A João Ubaldo Ribeiro

                   (“Não existe poesia sem infância”, ele disse)


A chuva há de passar... De quando em quando,

um alarido vem pelo ar, fugidio.

Na tarde bruxuleante, além do rio,

Teles e Caboclinho estão jogando.

 

Não posso ver; a chuva me atrapalha.

Vestindo sedas, clamo aos ares, rogo.

Avanço a rua. Minha tia ralha

(Nada me ajuda): “Pare aí, é só um jogo!”

 

Raiva. Bato três vezes na madeira.

Será que vai chover a tarde inteira?

Digam como lá estão os litigantes.

 

É agosto, sim, e chove sem parar.

Dentro, o menino quer comemorar

logo. Atlanta e Palestra, dois gigantes.

 

Salvador, Bahia, 2012