Quando Nelson Mandela andò a Bahia
Anderson Souza
Nelson Mandela
TESTO IN ITALIANO   (Texto em português)

Simbolo della lotta contro il razzismo, Premio Nobel per la Pace nel 1993, primo Presidente eletto dopo la fine dell'apartheid in Sudafrica. Era il 1994. Il suo nome: Nelson Mandela. Ci ha lasciato il 5 dicembre 2013, ma continua a vivere perché tutti noi abbiamo ricevuto da lui un'eredità profonda e ricca fatta di valori, coraggio, parola e azione. Un esempio di vita e di lotta basato sul principio di "Riconciliazione storica " che può contribuire in maniera più matura ad affrontare il razzismo, ancora così presente sotto molte forme nel nostro pianeta. 

Tra la sua gente Mandela veniva chiamato con il nome di Madiba ed è nato nel 1918 a Mvezo, un villaggio nella regione di Umtata, Transkei, in Sudafrica. E' stato perseguitato e ha patito il carcere per 27 anni ma è rimasto coerente ai suoi principi di giustizia, uguaglianza tra gli esseri umani e alla lotta contro il razzismo portata avanti dalle sorelle e fratelli africani, e afrodiscendenti. 

Nel 1991 Nelson Mandela visitò la città di Salvador Bahia, in Brasile. Fu accolto e applaudito da migliaia di persone. Erano presenti tutti i Blocos-Afro e venne ricevuto dal governatore dello stato che all'epoca era Antonio Carlos Magalhães. Alla manifestazione, tenutasi nella piazza Castro Alves il 3 agosto, io ero uno dei percussionisti che lo hanno ricevuto con rufos (saluti) dei tamburi.

Mi ricordo che abbiamo eseguito l' Inno Popolare del Congresso Nazionale Africano "Nkosi Sikelel' i AfriKa" ​​con la reggenza percussiva di mio padre Neguinho do Samba. Sicuramente Olodum e Ilê Aiyê sono i gruppi associativi culturali di afrodiscendenti di Bahia che hanno il maggiore legame con Nelson Mandela.

Con la sua presenza Bahia ha guadagnato molta più forza perché lui ci ha portato un messaggio importante. Esiste una canzone di Edson Gomes che dice: "Andiamo amico, lotta." C'è una canzone di Lazzo Matumbi e Jorge Portugal che dice: "Siamo noi l'allegria della città."  Sicuramente Mandela sarà sempre presente con il forte messaggio che ha lasciato nella nostra città. 

La piazza di fronte al Plano Inclinado da Liberdade è stata intitolata al leader sudafricano. Il Sud Africa per due volte è stato tema del Bloco-Afro Olodum durante il Carnevale, e nella Casa do Olodum l'auditorium porta il nome di Mandela. Il terzo disco degli Olodum del 1989 contiene versi di João Jorge. Il titolo è "Poema della Libertà": "Lui [Mandela] è stato imprigionato / [...] Ma tutti sentono la sua voce / [....] non può essere fotografato o filmato / Ma tutti  sentono la sua presenza / egli conquisterà la libertà attraverso la lotta, l'organizzazione e la forza della sua gente / il suo nome: Nelson Mandela, Presidente del Congresso Nazionale Africano /Liberate Mandela!" .

E su Mandela, Filomeno Lopes, professore, filosofo, giornalista, musicista e scrittore della Guinea Bissau ha detto: "Nelson Mandela ha promulgato per l'Africa la legge sulle quote per tutte le università. E' obbligatoria, non una scelta. Tutte le università devono applicare la Legge delle quote e, perciò, devono includere nei loro corsi di studio una percentuale di afrodiscendenti. Ciò rappresenta, tra le altre, una forma più matura per attuare il discorso sulla Riconciliazione storica. E noi non dovremmo piangere per coloro che se ne vanno, o parlare di loro superficialmente, ma far tesoro della eredità che ci hanno lasciato."
 
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Anderson "do Samba" Souza. Compositore, musicista, produttore musicale e insegnante di percussioni, opera il dialogo tra le radici musicali africane e brasiliane e la ricerca delle sonorità nel discorso interculturale. Figlio ed erede di Neguinho do Samba, creatore baiano del Samba-Reggae, vive tra Italia e Brasile. Autore di progetti, come "Tambor concorda", ha suonato con le icone della musica di tutto il mondo come Hermeto Pascoal, Tony Allen, Gilberto Gil, Carlinhos Brown, Angelique kdjo, Cheick Tidiane Seck, Daniela Mercury etc. 

-------------------------------------------------------------------------------


TEXTO EM PORTUGUÊS   (Testo in italiano)

QUANDO NELSON MANDELA VEIO NA BAHIA

por

Anderson "do Samba" Souza



Nelson Mandela
 
Símbolo da luta contra o racismo, Premio Nobel pela Paz em 1993, primeiro presidente a ser eleito em 1994, após o fim do apartheid na África do Sul. O nome dele: Nelson Mandela. Nós deixou ontem, 5 de dezembro de 2013, mas continua vivendo, pois recebemos dele um legado profundo e rico feito de valores, coragem, palavra e ação. Um exemplo di vida e de lutas pela "Reconciliação Histórica" que ajuda na luta contra o racismo, hoje em dia  ainda presente, e que muitas vezes se apresenta sob a forma de racismo estrutural. 

Mandela, chamado na sua etnia com o nome de Madiba, nasceu em 1918 em Mvezo, um vilarejo da região de Umtata, Transkei, na África do Sul. Foi perseguido e ficou preso por 27 anos, mas continuou firme com seus princípios e suas lutas a favor da justiça e igualidade entre os seres humanos, e na luta contra o racismo vivenciado pelas irmãs, irmãos africanos e afrodescendentes no mundo inteiro.

Em 1991 Nelson Mandela chegou no Brasil. Na cidade de Salvador Bahia foi recebido e aplaudido por milhares de pessoas. Estiveram presentes todos os Blocos-Afro e foi recebido pelo governador Antonio Carlos Magalhães. No evento, realizado na praça Castro Alves no dia 3 de agosto, eu fui um dos tocadores que o receberam com os rufos (saudações) dos tambores. Lembro que tocamos o Hino Popular do Congresso Nacional Africano "Nkosi Sikelel' i AfriKa", na regência percussiva do meu pai Neguinho do Samba. Com certeza, Olodum e Ilê Aiyê são as entidades negras na Bahia com a maior ligação com Nelson Mandela.

Com a presença dele, a Bahia ganhou mais força porque nos trouxe uma mensagem muito importante.  Tem uma música de Edson Gomes que diz: "Vamos amigo, lute". Tem uma música de Lazzo Matumbi e Jorge Portugal que diz: "Somos nós a alegria da cidade". Com certeza Mandela estarà sempre presente com essas mensagens que deixou na nossa cidade.

A praça em frente ao Plano Inclinado da Liberdade foi batizada com o nome do líder sul-africano. A África do Sul foi tema do Bloco-Afro Olodum por duas vezes durante o Carnaval, e na Casa do Olodum, localizada no Centro Histórico, tem um auditório com o nome de Nelson Mandela.

O terceiro disco do Olodum de 1989  contém o poema de João Jorge "Poema da Liberdade": "Ele [Mandela] està preso / [...] porém todo povo ouve a sua voz / [...] ele não pode ser fotografado ou filmado / porém, todo povo sente a sua presença / ele vai conquistar a liberdade através da luta,da organização e da força de seu povo / seu nome, Nelson Mandela, Presidente do Congresso Nacional Africano Libertem Mandela!".

E sobre Mandela, Filomeno Lopes, professor, filósofo, jornalista, músico e escritor da Guiné Bissau, que  há anos mora na Itália, afirma:"Nelson Mandela fez para a África uma lei obrigatória para todas as universidades. Não è uma opção. Todas as universidades devem aplicar a Lei das cotas porque isso representa, entre  outras, uma forma mais madura para atuar o discurso sobre a Reconciliação histórica. Não se deve chorar para os que se foram, ou falar deles superficialmente, mas fazer tesouro do legado que eles nos deixaram." 

Anderson "do Samba" Souza. Compositor, músico, produtor musical, professor de percussão, desenvolve projetos para o diálogo entre a música de raízes brasileiras e africanas, focalizando pesquisas sobre o discurso musical intercultural. Filho e herdeiro do compositor baiano Neguinho do Samba, criador do Samba-Reggae, vive entre Itália e Brasil. Autor de projetos, como "Tambor concorda", já tocou com ícones musicais do mundo inteiro, como Hermeto Pascoal, Tony Allen, Gilberto Gil, Carlinhos Brown, Angelique kdjo, Cheick Tidiane Seck, Daniela Mercury, etc.