Ernesto Cardenal poesia e voce del Nicaragua
Antonella Rita Roscilli
TESTO IN ITALIANO   (Texto em português)


                                                                                                               Novità Sarapegbe, 2 marzo 2020
"Il suo cuore si è fermato. Il nostro grande poeta è appena morto all'età di 95 anni, dopo una vita di dedizione alla poesia e alla lotta per la libertà e la giustizia": così ha scritto Gioconda Belli nel dare la notizia della morte di Ernesto Cardenal avvenuta il 1 marzo 2020. Poeta, scrittore, sacerdote, teologo, è stato l' anima e la voce del Nicaragua. Nato nel 1925 a Granada, studiò Lettere all'Università di Managua. Tra il 1942 e il 1946, continuò gli studi in Messico e li completò a New York, ove visse dal 1947 al 1949. Quindi viaggiò attraverso l’Italia, la Spagna e la Svizzera.

Tornato in patria, militò nella resistenza contro il governo di Anastasio Somoza García, il cui regime era sostenuto dagli Stati Uniti. Nel 1954 partecipò alla Rivoluzione di Aprile, un tentativo fallito di mettere fine alla dittatura. Convertitosi al cattolicesimo, nel 1956 Cardenal decise di entrare come novizio nel monastero trappista di Nostra Signora a Gethsemani (in Kentucky), dove fu discepolo del religioso e poeta Thomas Merton. Lasciò l'abbazia nel 1959 per completare gli studi teologici a Cuernavaca, in Messico, ove venne ordinato sacerdote nel 1965. Fu co-fondatore della comunità religiosa di Solentiname, su un’isola nel Lago Nicaragua, dove nons olo predicò la non-violenza appresa da Merton, ma fondò anche una colonia di artisti primitivisti. 

Con il trionfo della rivoluzione sandinista, nel 1979 venne nominato Ministro della Cultura, carica che ricoprì fino al 1987, quando il suo ministero venne soppresso per ragioni finanziarie. Nel 1983, durante la sua visita in Nicaragua, papa Giovanni Paolo II lo invitò pubblicamente a dimettersi: essendosi rifiutato, fu sospeso a divinis. L'atto venne ritirato solamente da Papa Francesco nel febbraio 2019.  E' da ricordare che col tempo Cardenal divenne il principale critico di Daniel Ortega poichè quest'ultimo aveva tradito il il suo popolo e il cambiamento che era logico aspettarsi dopo il rovesciamento di Somoza . "Il mondo deve sapere cosa sta succedendo in Nicaragua", disse Cardenal nel  2015, quando il regime represse i contadini che marciavano per difendere le loro terre.

Tra le opere di Cardenal vanno ricordate: Hora 0 e Gethsemany, Sky (1960); Epigramas (1961), considerato il suo capolavoro; Salmos (1964), parafrasi dei salmi biblici riletti in chiave contemporanea; Oracion por Marilyn Monroe y otros poemas (1965), denuncia della mercificazione del mondo capitalistico; El Estrecho Dudoso (1966) e Homenaje a los indios americanos (1969), dedicate al dramma storico dei popoli indigeni americani; Canto nacional e Oraculo sobre Managua (1973); Quetzalcoatl (1988), poema in cui l'evocazione delle antiche civiltà precolombiane diventa una critica alla degradazione dei rapporti umani nel mondo capitalistico; Canto Cosmico, monumentale ed originale poema del 1992, una delle più importanti opere della poesia latino-americana dopo il "Canto Generale" di Pablo Neruda. "Siamo polvere di stelle" così aveva scritto in questo poema, affascinato dal mistero della vita umana.

In Cardenal il cristianesimo è inteso come denuncia dell'ingiustizia e profezia di riscatto. Infatti il tema principale della sua opera è l'oppressione nella società contemporanea: scopo della sua poesia è  motivare i lettori ad agire per il cambiamento sociale. E' stato un importante esponente della Teologia della Liberazione e si è sempre impegnato per l 'educazione del popolo nicaraguense e per la sua liberazione.  Nel suo stile letterario venne fortemente influenzato dai Cantos di Ezra Pound, per esempio nell' accostamento di immagini diverse, nel contrasto tra passaggi poetici lirici e prosastici, o anche nell'enfatizzazione della relazione fra realtà socioeconomica e spiritualità.

La poesia di Cardenal non è mai intrisa di metafora, illusione o di quel "real meraviglioso" che è invece un tratto comune a diversi autori dell'America del Sud. Cardenal, piuttosto, vuole denunciare la sofferenza e lo sfruttamento dei popoli nelle cosiddette "repubbliche delle banane". L'abilità tecnica e la rilevanza sociale della sua opera contribuiscono a considerarlo uno dei più importanti poeti latino-americani della seconda metà del XX secolo: nel maggio del 2005 fu candidato al Premio Nobel per la Letteratura. 

"Ora è lì, sicuramente ben accolto nella Via Lattea" - scrive ancora Gioconda Belli - "A noi nicaraguensi mancherà il suo berretto nero, la sua figura, la sua voce che ci legge poesie, la sua santa indignazione contro la tirannia".

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TEXTO EM PORTUGUÊS   (Testo in italiano)



ERNESTO CARDENAL POESIA E VOZ DA NICARÁGUA
por
Antonella Rita Roscilli

     

                                                         

                                                                                                             Novità Sarapegbe, 2 marzo 2020
"Seu coração parou. Nosso grande poeta morreu aos 95 anos, após uma vida inteira de dedicação à poesia e à luta pela liberdade e pela justiça": assim escreveu Gioconda Belli ao dar a notícia da morte de Ernesto Cardenal, ocorrida em 1 de março de 2020. Poeta, escritor, sacerdote, teólogo, ele era a alma e a voz da Nicarágua. Nascido em 1925 em Granada,  estudou Letras na Universidade de Manágua. Entre 1942 e 1946 continuou seus estudos no México, para concluí-los em Nova  York, onde viveu de 1947 a 1949. Depois, viajou pela Itália, Espanha e Suíça.

Ao voltar para seu país, lutou contra o governo de Anastasio Somoza García, cujo regime era apoiado pelos Estados Unidos. Em 1954 participou da Revolução de Abril, uma tentativa fracassada de acabar com a ditadura na Nicarágua. Convertido ao catolicismo em 1956, Cardenal decidiu entrar no mosteiro trapista de Nossa Senhora em Getsêmani (Kentucky), onde foi discípulo do religioso e poeta Thomas Merton. Deixou a abadia em 1959 para concluir seus estudos teológicos em Cuernavaca, México, onde foi ordenado sacerdote em 1965. Foi co-fundador da comunidade religiosa de Solentiname, em uma ilha no lago Nicarágua, onde pregou a não-violência aprendida por Merton e onde ele também fundou uma colônia de artistas primitivistas. 

Em 1979, com o triunfo da revolução sandinista, foi nomeado Ministro da Cultura, cargo que ocupou até 1987, quando seu ministério foi suprimido por razões financeiras. Em 1983, durante sua visita à Nicarágua, o papa João Paulo II o convidou publicamente a renunciar: tendo recusado, ele foi suspenso a divinis. O ato foi retirado apenas em fevereiro de 2019 pelo Papa Francisco. E' preciso também lembrar que, com o tempo, Cardenal se tornou o principal crítico de Daniel Ortega, pois este havia traído seu povo e aquela mudança que se esperava após a queda de Somoza. "O mundo precisa saber o que está acontecendo na Nicarágua", disse Cardenal em 2015, quando o regime reprimiu os camponeses que marchavam para defender suas terras.
 
A obra literária de Ernesto Cardenal inclui: Hora 0 e Getsêmani, Sky (1960); Epigramas (1961), considerada sua obra-prima; Salmos (1964), paráfrase dos salmos bíblicos reinterpretados em chave contemporânea; Oracion por Marilyn Monroe e outros poemas (1965), denúncia da mercantilização do mundo capitalista; El Estrecho Dudoso (1966) e Homenaje a los indios americanos (1969), dedicados ao drama histórico dos povos indígenas americanos; Canto nacional e Oraculo sobre Manágua (1973); Quetzalcoatl (1988), poema em que a evocação de civilizações pré-colombianas antigas se torna uma crítica à degradação das relações humanas no mundo capitalista; Canção cósmica, poema monumental e original de 1992, uma das obras mais importantes da poesia da América do Sul, (após a "Canção geral" de Pablo Neruda). "Somos poeira estelar", assim escreve neste poema, fascinado pelo mistério da vida humana.

Em Cardenal, o cristianismo entende-se como uma denúncia de injustiça e uma profecia de redenção. De fato, o tema principal de sua obra é a opressão na sociedade contemporânea: o objetivo de sua poesia é motivar os leitores a agir em prol da mudança social.

Importante expoente da Teologia da Libertação, sempre se comprometeu em contribuir para a educação do povo nicaragüense, para a busca da libertação e a manutenção da liberdade. Em seu estilo literário foi fortemente influenciado pelos Cantos de Ezra Pound, por exemplo, na combinação de imagens diferentes, no contraste entre passagens poéticas líricas e prosásticas, e mesmo ao enfatizar a relação entre realidade socioeconômica e espiritualidade. Sua poesia nunca é imbuída de metáfora, ilusão ou daquele "real maravilhoso", característica esta comum a vários autores da América do Sul.

Cardenal, ao contrário, quer denunciar o sofrimento e a exploração dos povos nas chamadas "repúblicas das bananas". A capacidade técnica e a relevância social de sua obra contribuem para considerá-lo um dos mais importantes da América do Sul da segunda metade do século XX: em maio de 2005, foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura.

"Agora ele está lá, certamente foi bem recebido na Via Láctea" - escreve Gioconda Belli - "mas nós nicaraguenses sentiremos falta de seu boné preto, sua figura, sua voz lendo poesia, sua santa indignação contra a tirania".